Em 1993, o documentário “Beyond Citizen Kane” (Muito Além do
Cidadão Kane), de Simon Hartog, “foi exibido no “Channel 4” , emissora pública de
televisão do Reino Unido. O documentário faz uma análise sobre as relações de
poder e os jogos de interesses existentes entre a política, políticos,
empresários e o principal meio de comunicação de massas do período: a Rede Globo de Comunicação, fundada em 1965.
Consequentemente, o grande magnata da Globo, Roberto Pisani
Marinho (1904-2003), foi comparado no documentário ao verdadeiro Cidadão Kane,
de Orson Welles, filme norte-americano de 1941. Entretanto, há uma grande
controvérsia estabelecida sobre esta comparação.
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Cartaz do documentário "Muito Além do Cidadão Kane" |
Cidadão Kane
No filme de Welles, Charles Foster Kane era um menino pobre
que se tornou um dos homens mais ricos do mundo, dono de uma rede de
comunicações. A trama trata da tentativa de desvendar o que significava a
palavra “Rosebud”, dita pelo protagonista várias vezes no seu leito de
morte. Como pano de fundo, estão
inseridos a ambição pelo poder e pela admiração das pessoas, objeto de desejo
de muitos, mas que não foram suficientes para superar o isolamento e a solidão
de Kane. Welles se baseou na trajetória de
William Randolph Hearst, magnata da imprensa dos EUA, que
proibiu na época de mencionarem seu nome nos jornais.
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Cartaz do filme "Cidadão Kane" |
Mas quem foi o Cidadão Kane brasileiro?
Assis Chateaubriand (1892-1968) foi um paraibano que gostava
de exaltar a cultura nordestina para o resto do mundo. Era um homem de
múltiplas faces; dono de uma das maiores redes de comunicações do Brasil, o
“Diários Associados” [1].
Jornalista, empresário, mecenas e político, estava sempre pronto para quebrar
paradigmas e padrões morais, enquanto defendia veemente outros aspectos
inerentes à política e ao povo. Vaidoso, Chateaubriand submetia grandes líderes
mundiais a situações, no mínimo, desconcertantes para eles, como o recebimento
da “ordem do jagunço” [2],
enquanto se demonstrava irresponsável e intratável para com a família.
Dentre as principais
ações do Cidadão Kane brasileiro podem ser citadas a sua responsabilidade na
vinda da televisão para o Brasil e a criação do Canal TV Tupi na década de 50,
bem como a criação do Museu de Arte de São Paulo (MASP). A biografia de Assis Chateaubriand pode ser vista no livro “Chatô - O Rei do
Brasil”, de Fernando Morais, que virou filme com o mesmo nome.
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Assis Chateaubriand na TV Tupi |
Cidadão Kane em Porto Ferreira
Por fim, após esta superficial apologia do magnata da
comunicação no Brasil, cabe salientar que existiu uma relação próxima de Assis
Chateubriand com o município de porto Ferreira, fato este que será retratado em
artigos posteriores.
(Renan Arnoni,
historiador)
[1]
Diários Associados: também conhecidos como Condomínio Acionário dos
Diários e Emissoras Associados, ou simplesmente D.A., são o
terceiro maior conglomerado de mídia do Brasil. A
corporação já foi a maior da história da imprensa no
Brasil
[2]
Ordem do Jagunço:f oi uma condecoração criada pelo jornalista paraibano Francisco de
Assis Chateaubriand Bandeira de Melo para homenagear aqueles que,
segundo sua percepção, mereciam destaque.
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