Estas últimas linhas dedicadas ao
processo de inventário de João Ignacio Ferreira procuram relatar o desfecho
relacionado aos herdeiros.
A
Partilha
Em 29 de maio de 1879, o Juiz de
Órfãos Suplente em exercício, Martiniano Antonio de Azevedo, com os partidores
Marcos Henrique Noronha e João Batista Borges, procederam a partilha. Os bens presentes no inventário somaram Rs.
1:888$000, sendo subtraídas as dívidas passivas, no valor de Rs.191$768 e os
custos do processo, calculados em Rs. 150$000, que foram pagos com: vaca de
nome Fortaleza e cria – 50$000; vaca de nome Maiada e cria – 40$000; vaca de
nome Nircede e cria – 45$000; e um novilho de três anos, chamado Pintado –
15$000.
Abatidos os valores acima
citados, o monte partível foi de Rs 1:546$232. Este valor foi dividido em 50%
para a inventariante, Maria Joanna Roza, e 25% para cada um dos outros dois
herdeiros.
Thomé Ignácio Ferreira ficou com
a quantia de 386$558 mais 131$768 de gastos com o pai, justificados no
inventário e abordados no artigo anterior, totalizando-se 518$328 réis; sendo
estes uma parte de terras na fazenda Santa Rosa - 80$000; dois alqueires de
terras na beira do rio Moji Guaçu - 80$000; a olaria e seus pertences - 200$000;
várias reses e uma pequena parte de terras na fazenda São Vicente, no valor de
11$300.
O órfão João, cujo montante
herdado foi o de 386$558, teve sua parcela distribuída em uma parte de terras
na fazenda Santa Rosa - 80$000; dois alqueires de terras na barranca do Rio
Mogi Guaçu avaliados - 80$000, partes de terras na fazenda São Vicente -
186$558; e uma vaca e cria - 40$000.
Já inventariante Maria Joanna Roza
recebeu o total de Rs. 773$116 mais 60$000 réis - devidos a ela no decorrer do
processo, por restituir seu pai, Joaquim Alves Dias, de uma dívida feita
contraída pelo falecido marido -, somando-se 833$115, constituídos por: uma
casa de morada com portos, barcos e todas as benfeitorias que nela contém -
350$000; uma parte de terras na fazenda São Vicente - 52$116, inúmeras vacas e
demais utensílios como cangalha, catres, panelas, todos elencados no
inventário.
O
futuro do menino órfão
No final do processo de
inventário, é interessante notar a informação de que Maria Joanna Roza,
lavradora de profissão, foi morar em Santa Rita do Passa Quatro.
Os autos foram declarados
conclusos pelo escrivão Francisco Joaquim Sampaio ao Doutor Juiz de Órfãos,
José Antonio de Azevedo Silva, em 19 de Dezembro de 1879.
Contudo, no dia 4 de maio de 1888,
Joaquim Alves Dias, pai da viúva, alegou que a filha casou-se em segundas
núpcias com João Alves dos Santos, e seu neto João, naquele momento com 8 anos,
não estava sendo educado e alfabetizado, como determinava “Morais Carvalho, na
página 19, inciso 129 – 6º”. Desta forma, o avô pediu para ser nomeado tutor do
neto, embora os autos do inventário de 1879 reconhecessem a mãe do menino como
a única tutora.
Naquele dia do mês de maio,
Joaquim Alves Dias prestou juramento sobre os “Santos Evangelhos”, afirmando
ser o tutor de seu neto e, logo em seguida, encarregando-lhe o juiz de órfãos,
da função de zelar por sua pessoa e cuidar dos seus bens.
João Ignacio Ferreira, o filho do
balseiro de mesmo nome, que motivou todo o processo de inventário, faleceu em
Porto Ferreira, no dia 22 de julho de 1915, aos 37 anos, vitimado por uma
tuberculose pulmonar, sem deixar descendentes, embora fosse casado.
O
início de uma nova etapa
No ano de 1879, um golpe do
progresso praticamente encerrou as atividades da outrora conhecida “balsa de
João Ferreira”. A lei província nº36, de 7 de abril de 1789, autorizava a
construção de uma ponte de madeira sobre o Rio Moji Guaçu, ao custo de Rs.
25:000$000.
O cultivo do café, principal
produto de exportação brasileiro, fruto criador do enriquecimento da elite
latifundiária, tornava-se uma realidade local. A construção da ponte de madeira
era uma pequena etapa dentro do processo de construção da ferrovia pela
Companhia Paulista de Estradas Férreas e Fluviais, cujo objetivo era atingir as
regiões de Ribeirão Preto e Franca, levando seus trilhos até o Rio Grande. O
café caracterizava-se como um “produto migrante”. Em razão da falta de correção
do solo no período, precisava sempre de novas terras para ser cultivado, sendo
seguido de perto pelas estradas de ferro, responsáveis pela escoação do produto
até o litoral, donde se exportava para os mercados consumidores.
Conseqüentemente, no dia 15 de
janeiro de 1880, inaugurou-se o trecho do trem da Cia Paulista, que atingia a região
do “Porto de João Ferreira”. O trem, a ponte de madeira e a navegação fluvial,
surgida 4 anos depois, selaram a construção dos pilares da futura “Porto
Ferreira”, sobre os alicerces constituídos pelo balseiro e pelos latifúndios.
Participando do Mapa Cultural em Matão acabei conhecendo um dos tataraneto do balseiro João Ignácio Ferreira. Brás Gomes Ferreira
ResponderExcluirParticipando do Mapa Cultural em Matão conheci o sr. Brás Gomes Ferreira, diz ele ser tataraneto do balseiro João Ignácio Ferreira.
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